Não há dúvidas, a cada ano que passa, corre-se o risco de se perder o verdadeiro sentido do Natal. Não! Não se trata de ser pessimista! Trata-se apenas de observar os fatos. Pode até ser um exagero, mas, numa cultura hiper-consumista como é a nossa, Jesus Cristo parece ficar cada vez mais de lado no Natal: Ele está com dificuldades de encontrar abrigo nas casas das pessoas, tão ocupadas em preparar a “ceia natalina”. Poucos são aqueles que encontram tempo, na noite de Natal, para fazer memória do nascimento de Jesus, participando da missa: trocam o “incômodo e exigente” Jesus de Nazaré pelo “simpático e bonachão” Papai-Noel. É cada vez mais urgente recuperar o sentido evangélico do Natal.
Segundo São Lucas, “porque não havia para ele lugar na estalagem”, Jesus nasceu numa manjedoura. Ao assinalar que o Deus-conosco inicia sua trajetória na nossa história enfrentando a rejeição e o desprezo das pessoas, o Evangelista revela que a missão do Cristo, desde o início, era a de estar do lado dos “sem-lugar” e identificar-se com os excluídos. Assim sendo, no Natal, a luz inacessível de Deus penetra na profundidade da treva mais desumana e ilumina, a partir dos “vales de lágrimas” da humanidade, a totalidade das realidades existenciais experimentadas por homens e mulheres de todos os tempos e lugares.
Que o Senhor Jesus encontre lugar não somente em nossa ceia natalina, mas que seja sempre o centro vivificador do nosso cotidiano existir em busca de sentido!
Pe. Wanderley Martins da Cunha