Setembro Amarelo: na luta contra o suicídio
“Setembro Amarelo” é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo direto de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e apresentar formas de prevenção. Atualmente, as autoridades registram um crescimento desses casos, sobretudo entre os jovens. Fala-se mesmo em uma “epidemia”.
Alguns fatores agravantes dessa situação são os padrões impostos pela sociedade. Esses modelos, quase sempre irreais, causam um sentimento de inadequação social. Preconceito, bullying e trauma nas relações familiares são algumas das causas do aumento da depressão. Além destes, podem ser citados também os conteúdos das redes sociais, nas quais o adolescente se vê distante de comportamentos ou situações falsamente idealizados, e a ausência de diálogo no meio familiar, o que gera falta de confiança para tratar de assuntos que o angustiam.
Proporções alarmantes
No decorrer da história da humanidade, o suicídio sempre esteve presente, tendo adquirido significados e valores diversos, a depender da civilização e do momento histórico. Hoje o fenômeno do suicídio vem ganhando proporções alarmantes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) as taxas ultrapassam, no mundo, um milhão de mortes por ano.
Segundo a psicóloga Ana Paula Carvalho, o sujeito deprimido é aquele imerso numa angústia desmedida, esta materializada no corpo, sob a forma de dor. “Dói o corpo, dói o peito, dói a alma. É comum conceder a essa dor a causa precipitante do seu ato suicida, quando afirmam que se matar seria a única forma de livrar-se dessa aflição”, explica.
“Há grande complexidade para compreender o comportamento suicida. Essa atitude envolve vários fatores, como emocionais, psiquiátricos, religiosos e socioculturais. Entende-se que são um conjunto de fatores que ajudam a compreender a situação de vida, o sofrimento que essa pessoa carrega e, por isso, a busca da morte. Até podemos dizer que, por vezes, a pessoa não quer se matar. Quer é eliminar a dor, diminuir o sofrimento e, por isso, busca, no impulso de se ver livre dessa dor, um método que leva à morte”, afirma a Ana Paula.
De acordo com a profissional, a prevenção do comportamento suicida é um grande desafio não só para a Psicologia, mas para toda a sociedade, por ser um problema social, econômico e político. Para ela, é de grande relevância compreender as motivações internas causadoras do ato, em geral situações de muito sofrimento vividas anteriormente pela pessoa.
“Quando um elemento atual dispara a ocorrência de um sentimento devastador capaz de provocar um suicídio, é geralmente porque ele reedita uma situação anterior de sofrimento, intensificando-a e tornando insuportável o momento atual. Nessas circunstâncias, o suicídio se apresenta como uma saída, uma possibilidade de aliviar a dor e o sofrimento”, esclarece. Ana Paula acrescenta que, independentemente do tipo de ato, se foi uma tentativa de suicídio para dar certo ou para fracassar, o paciente deve ser tratado com respeito e dignidade.
Canais de ajuda
Outras informações sobre o “Setembro Amarelo” podem ser obtidas no endereço setembroamarelo.org.br, um site produzido pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), organização com experiência em ouvir pessoas que passam por dificuldades. Um telefone também está à disposição para quem deseja conversar sobre o tema. O número é 188.