Ministério é um dos que mais crescem em todo o mundo.
Diácono Alessandro Faleiro Marques
Em meados de junho último, a Santa Sé divulgou o Anuário Estatístico, com dados da Igreja referentes ao ano de 2016. Um dos índices que chamaram a atenção dos analistas foi o número de diáconos permanentes no mundo, “grupo de clérigos que cresce com extraordinária vivacidade”, segundo o documento.
No período analisado pelo levantamento pontifício, foram contados 46.312 desses servidores. Com toda certeza, essa cifra é bem maior agora. De pouco tempo para cá, apenas falando de Brasil, já foram ordenados centenas desses ministros. Na nossa Arquidiocese, nos últimos dois anos, quase 30 (tive a graça de ser um destes).
As perspectivas são animadoras quanto a essa vocação, algo bem raro se comparado a outros ministérios da Igreja, muitos dos quais mostram um dramático decréscimo de membros. Em Belo Horizonte, há três turmas de candidatos em preparação na Escola Diaconal São Lourenço. Há dezenas de homens interessados participando, juntamente com as esposas, dos encontros de animação e discernimento, realizados uma vez por mês na Paróquia São João Batista, no bairro Salgado Filho. Não é exagero dizer que o diaconato permanente é uma das mais prósperas iniciativas da Igreja atual, embora ainda sejam necessários ajustes aqui e acolá, como deve ser.
Por vários motivos, a Arquidiocese de Belo Horizonte iniciou tardiamente a formação de seu corpo diaconal. Mesmo que esse ministério tenha sido reestabelecido no Ocidente após o Concílio Vaticano II (1962-1965), somente em 2011 é que foram ordenados os sete primeiros ministros (hoje, há 64). Isso, contudo, não impediu que logo entrássemos na vanguarda.
As diretrizes de formação e trabalho dos diáconos elaborados por nossa Arquidiocese estão servindo de base para que várias dioceses País afora implantem suas escolas diaconais e organizem a ação desses ministros. Entre muitos avanços, destaco a formidável participação das esposas. Com grande incentivo do arcebispo metropolitano, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, as mulheres podem participar de todo o processo. Após a ordenação dos maridos, elas continuam a ser convidadas especialíssimas para momentos de espiritualidade e formação. A presença delas, posso testemunhar, faz tudo ser bem mais precioso.
Outro avanço interessante é o próprio campo de atuação dos diáconos permanentes. Eles são homens ordenados, mas têm papéis bem específicos na Igreja que não podem ser confundidos com os dos padres. Ocupam-se da caridade, da Palavra e da liturgia. O mais visto é o da liturgia, mas este não é o principal. Há um gigantesco leque de desafios: fronteiras existenciais, físicas, sociais, espirituais que precisam ser atingidas. Basta uma rápida leitura do documento final da 5ª Assembleia do Povo de Deus para ver o tamanho da obra do Senhor aguardando operários ordenados, mas também homens e mulheres consagrados e leigos.
Por experiência própria, afirmo que é muitíssimo importante a oração da comunidade por nós e nossas famílias (e, é claro, pelo padre). Nosso povo ainda tem muitas dúvidas quanto a esse sacramento. Muitos não conhecem bem o que um diácono faz e nem seu ministério. Até hoje, noto o estranhamento de alguns quando estou com Tânia, minha esposa! Pode ser que pensam que estou violando o sacramento da ordem ou o do matrimônio, numa confusão entre os diáconos e os padres. Mas é compreensível, tudo é o sagrado “caos” do qual se cria a vida em uma comunidade de fé.
Em outra ocasião, contarei curiosidades sobre este ministério e o que um diácono pode ou não fazer (prepare-se para surpresas!). Eu e meus colegas diáconos, sejam eles permanentes ou transitórios, continuamos a contar com as preces de todos. Que Nosso Senhor abençoe você e sua família!