A ciranda encantada do tempo, em meio ao eterno retorno de datas, comemorações e rotinas, surpreende-nos com um fluir dos segundos e minutos, cada vez mais acelerado. Ao verificar que o passado já não existe mais, que o futuro ainda não veio e que o presente tem que necessariamente passar, Santo Agostinho, em suas Confissões, certa vez perguntou: “Que é, pois, o tempo?” Inspirados no famoso questionamento do bispo de Hipona, perguntamos também: “Qual é, pois, o sentido do tempo?” Para essa instigante questão, dentre outras possibilidades, podemos dar a seguinte resposta: numa perspectiva cristã, o tempo humano tem um sentido escatológico, isto é, na ótica cristã, o tempo humano compõe-se de uma seqüência de horas dirigidas para a última hora suprema.
Assim, na vida do cristão, cada fração de tempo deve estar orientada para o último momento, o momento da plena consumação da história, quando presente, passado e futuro se fundirão no absoluto transcendente de DEUS. Mais um ano se finda em nosso breve existir finito. Diante da fugacidade do tempo, isto é, diante da constatação de o tempo passou muito rápido, mais do que lamentar as oportunidades passadas perdidas ou ter um ataque de ansiedade perante o incógnito futuro que se aproxima, cada um de nós é chamado a tomar consciência de que o nosso existir se dá num agora que se abre corajosamente ao porvir.
Pe. Wanderley Martins da Cunha